segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

13 de Fevereiro - Velosolex

A do meu Pai era cor de-laranja e tinha dois "alforges" na mesma cor discreta e para cumulo usava um capacete que parecia uma casca de ovo, sempre aberto debaixo do queixo. Anos 80, enquanto os colegas exibiam os seus espadas no hospital, o Dr. Gastão, director de Serviço, ora pedalava, ora usava o motor nas subidas para entrar graciosamente no Júlio de Matos, montado na sua Velosolex. Era muito divertido, mas a adolescente a caminho do liceu, na Avenida de Roma, lembra-se de pedir descaradamente "Pai, por favor favor se se cruzar comigo, faça de conta que não me conhece!". Saudades das gargalhadas, da alegria genuína, do bom humor, dos Aniversários comemorados com várias festas. Seria hoje, dia 13 de Fevereiro.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

13 de Fevereiro

Chamava-me Conde Farrobo, e eu nos meus verdes anos ficava muito ofendida porque entendia aquela palavra como um insulto muito feio, farrobo, Farrobo? Até que me levou a descobrir o quadro de Domingues Sequeira e percebi o sentido do epíteto. Hoje dia treze de Fevereiro, dia do seu aniversário, ao olhar para o meu filho pequenino que me espelha tão bem, lembrei-me desta memória de infância e decidi que também vou chamá-lo de Conde de Farrobo e observar a sua reacção. Depois levo-o ao Museu  Nacional de Arte Antiga e vamos rir-nos os dois a observar as semelhanças com aquele belo retrato e vou falar-lhe daquele avô tão especial que era o meu Pai.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Burrinhos de Presépio e não só...


Burrinho da mais pura linhagem lusa. Talhado a canivete e adquirido numa banquinha de artesanato de uma das milhentas e maravilhosas feiras que pululam pelo país fora, é um belo e amistoso animal, digno de figurar num qualquer presépio, apesar de estar mais em posição de Fuga de Belém do que que na lapinha junto à manjedoura.
Foi a concurso na Barbearia do Senhor Luis e ganhou o primeiríssimo lugar!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Direitos de Paternidade

Cronos devorando os seus filhos. Já passaram 11 anos e a o vazio permanece abissal.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Amorinho ou Gastão da Pêra


Ele é o loirinho do meio,
o bebé,
o amorinho das manas gémeas,
aquele que foi o menino de sua mãe,
Ele é o pai atento e amoroso,
o pedagogo,
o pai confidente até ao limite, ou ultrapassando todos os limites,
o pai rigoroso e exigente,
o Pai que sabia tudo, que tinha um livro para todos as questões, uma reflexão ponderada, que tinha tempo, tempo, Tempo
O pai que corria connosco, que mergulhava nas ondas todo o ano, que nos atirava dos ombros ao mar ,
que jogava ténis como quem respirava,
que nadava mariposa e crawl com estilo e fazia truques com a bola de futebol como os craques,
Ele foi o médico Humano, escolheu os loucos e alienados, os delirantes, os desesperados, os incompreendidos, os alcoólicos e os marginais, os deprimidos, os abandonados,
para companheiros de viagem,
Fez do hospício uma segunda casa, e levou-nos com ele, para a vida paralela dos loucos, para as festas com mágicos e palhaços, médicos loucos e loucos e médicos,
Ele foi o Pai tirano , cioso das suas meninas, ciumento e irracional,
possessivo e patológico,
o Pai do complexo de Édipo, o Pai com que as suas meninas queriam todas ficar,
mesmo que para isso fosse necessário matar a mãe,
o Pai que nos deixou a todas orfãs e viúvas desamparadas,
mesmo depois de morto a disputar as atenções e as memórias.

O nosso amorinho