quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Amorinho ou Gastão da Pêra


Ele é o loirinho do meio,
o bebé,
o amorinho das manas gémeas,
aquele que foi o menino de sua mãe,
Ele é o pai atento e amoroso,
o pedagogo,
o pai confidente até ao limite, ou ultrapassando todos os limites,
o pai rigoroso e exigente,
o Pai que sabia tudo, que tinha um livro para todos as questões, uma reflexão ponderada, que tinha tempo, tempo, Tempo
O pai que corria connosco, que mergulhava nas ondas todo o ano, que nos atirava dos ombros ao mar ,
que jogava ténis como quem respirava,
que nadava mariposa e crawl com estilo e fazia truques com a bola de futebol como os craques,
Ele foi o médico Humano, escolheu os loucos e alienados, os delirantes, os desesperados, os incompreendidos, os alcoólicos e os marginais, os deprimidos, os abandonados,
para companheiros de viagem,
Fez do hospício uma segunda casa, e levou-nos com ele, para a vida paralela dos loucos, para as festas com mágicos e palhaços, médicos loucos e loucos e médicos,
Ele foi o Pai tirano , cioso das suas meninas, ciumento e irracional,
possessivo e patológico,
o Pai do complexo de Édipo, o Pai com que as suas meninas queriam todas ficar,
mesmo que para isso fosse necessário matar a mãe,
o Pai que nos deixou a todas orfãs e viúvas desamparadas,
mesmo depois de morto a disputar as atenções e as memórias.

O nosso amorinho




2 comentários:

paula disse...

" O meu pai"...O meu pai é um homem difícil de dizer. Nunca foi bom nem mau. Foi sempre muito bom e muito mau.O meu pai nunca foi ausente, mesmo não estando presente.O meu pai nunca foi criança mas soube sempre brincar. O meu pai é aquele homem severo, de porte recto que me lê os olhos, mesmo quando eu minto. O meu pai deixava-me subir para o seu colo e medir forças com ele.Às vezes medíamos as mãos.Outras vezes os pés. E os dele que eram enormes foram ficando pequenos, e os meus que eram pequenos ficaram grandes.
O meu pai era aquele homem que eu olhava com medo de olhar.
O meu pai levava-me a passear.
O meu pai quando eu fiz 7 anos ofereceu-me um urso de peluche,maior do que eu.
Nunca soube dizer o que por ele sentia.
Se o amava ou se o odiava.
O meu pai é o meu pai.E é por isso que é apenas meu.
O meu pai foi o meu primeiro amor.
"Vou perguntar ao meu pai."
"O meu pai sabe responder."
" Porquê? Porque o meu pai me disse."" Vem aí, o pai!"
O meu pai explicou-me a vida pelos olhos dele.E ralhou-me. E bateu-me.E deu-me a mão.E um empurrão.E por vezes disse-me Não!.
O meu pai nunca foi criança, emborame contem que um dia nasceu.
O meu pai é um menino de olhos verdes e cabelos d'oiro que nunca cresceu.O meu pai?É o amorinho. Que se zanga e
que faz birras.O meu pai tem cinco meninas.
Sempre as teve e as há-de ter
Não tenhas medo pai, não as podes perder.
O meu pai é muito forte.
Nunca o vi chorar, nunca o vi ter medo.
Não sei se quer se o meu pai é como eu.
O meu sabe falar de tudo e já quase que deu a volta ao mundo.
E também diz baboseiras, e juntos fartamo-nos de rir.
O meu pai é um poeta, que tem vergonha de o parecer e finge não o saber.
Hoje ele renasce criança,com pouco cabelo e barba branca.
E como sempre, o menino que ele foi senta-se à mesa com as suas meninas e milagrosamente, em vez de seis, somos oito.
O meu pai nunca predeu mesmo quando o temeu.
13 de Fevereiro de 1993...para o meu pai, da sua menina Paula.

michelle hays disse...

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